Para
o Programa Espacial Brasileiro, o ano de 2007 deverá ser
um ano de continuidade de desenvolvimentos e muito trabalho. Destaco
a necessidade de atenção para os planos de carreira,
a formação e a preparação de profissionais
qualificados para o sucesso das operações no setor.
Na área
de cooperações internacionais haverá estreitamento
de relações com a Rússia e continuidade da
parceria com a China. Com os Estados Unidos existe a possibilidade
de ampliação da cooperação para estudos
da região amazônica e outros programas científicos
na área de meio ambiente.
A participação
brasileira na ISS, que hoje conta com a contribuição
do SENAI-SP e IFI, está sendo discutida com a NASA pela
gerência do programa na AEB, sob o comando do dr. Raimundo
Mussi. Na sua continuidade, o Brasil deverá construir e
testar os primeiros protótipos dos componentes nacionais
no segundo semestre de 2007. Como participante da ISS, existe
alguma possibilidade de o Brasil ser convidado a participar do
programa Constellation, da NASA. Porém, será necessário
um esforço do Ministério das Relações
Exteriores para manter e ampliar as relações da
área espacial com
os países líderes do setor.
Os foguetes
nacionais prosseguem no projeto e testes de estágios e
sistemas no IAE. Enquanto o VLS é desenvolvido e preparado
para seu próximo lançamento, é necessário
um aumento na freqüência de produção
e lançamento de foguetes nacionais suborbitais visando
conhecimento técnico-operacional, ampliação
de treinamento de pessoal e utilização da infra-estrutura
de lançamento da Barreira do Inferno e de Alcântara.
O desenvolvimento
de propulsão líquida para foguetes nacionais terá
grande avanço com o estreitamento das relações
com a Rússia e o projeto do primeiro foguete de pequeno
porte nacional utilizando esse tipo de propulsão. A torre
de preparação do VLS em Alcântara começará
a ser reconstruída. O tempo previsto de reconstrução
é de 18 meses. O desenvolvimento local e a capacidade comercial
competitiva de Alcântara no mercado bilionário internacional
de lançamentos de cargas úteis ainda serão
restritos pelos
problemas e discussões culturais.
Na área
de satélites, destacam-se a continuidade da preparação
do próximo CBERS a ser lançado pela China e os estudos
para um satélite geoestacionário de comunicações.
Embalado
pelos excelentes resultados científicos dos experimentos
levados pela Missão Centenário, o programa microgravidade
deverá ter um ótimo desenvolvimento com o novo anúncio
de oportunidades feito recentemente pela AEB. Novos experimentos
nacionais serão selecionados para a realização
em microgravidade a bordo do VSB-30 em 2008 e possivelmente na
ISS em 2009. Ainda na área científica, a continuidade
dos projetos da plataforma multi-missão e do satélite
SARA irão oferecer maior infra-estrutura de uso do espaço
para pesquisas nacionais. Contudo, é necessária
maior participação do setor privado e das universidades
na fase de pesquisa e desenvolvimento dos sistemas espaciais no
Brasil.
Marcos
Pontes é astronauta, mestre em engenharia de sistemas,
engenheiro aeronáutico, piloto de provas de aeronaves,
consultor, empresário e colunista. Atualmente o astronauta
continua a disposição do Programa Espacial Brasileiro,
participando e assessorando nos seguintes projetos: participação
brasileira na Estação Espacial Internacional, Programa
Microgravidade, AEB Escola, Veículo Lançador de
Satélites, desenvolvimento de foguetes suborbitais e Satélite
SARA. No setor privado, Pontes atua como consultor técnico
e gerencial junto a empresas de renome, com ênfase nas áreas
de segurança do trabalho, gerenciamento de riscos, motivação
e gerenciamento de projetos.
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